Autor :Roberto Dores
Fonte: Redacção D.S.
28 Outubro 2015
Os cálculos são exibidos ao “Diário do Sul” pelo próprio presidente das Infraestruturas de Portugal: “Se o movimento de mercadorias por ferrovia a partir do porto de Sines para o Caia, se mantiver nos atuais 95%, não valerá a pena estar a gastar os 40 milhões de euros que temos disponíveis para o IC33, entre Grândola e Santiago do Cacém”, explica António Ramalho. Contudo, admite que se a realidade mudar, então ainda será possível que venha a ser realizada uma intervenção mais consistente naquele troço rodoviário, como tem sido reclamado pelas autarquias ao longo de anos. Mas nunca antes de 2017.
O presidente das Infraestruturas de Portugal coloca, por esta via, o IC33 em espera, na prateleira dos “investimentos condicionados”, como os designa. E acrescenta: “A nossa prioridade máxima é estruturar o modelo da ferrovia e só depois vamos verificar como se processa a saída do porto de Sines, que está a bater recordes sucessivos”, explica, admitindo que caso a tendência se mantenha – o mais expectável aos dias de hoje – “não há justificação para uma intervenção tão pesada neste troço”.
Ou seja, uma percentagem dos 40 milhões que vão ficar em stand by poderá vir a ser aplicada noutras obras, beneficiando, por exemplo, a freguesia de Figueira dos Cavaleiros (Ferreira do Alentejo). “Eventualmente, poderemos estudar a hipótese de fazer uma ligeira variante aqui, por ser o único troço do IP8 que não tem um sistema de sinalização. É algo que está contemplado no pacote de intervenções previstas para os próximos cinco anos”, ressalva o mesmo responsável.
Mas o peso da ferrovia entre Sines e Caia, com ligação a Espanha como prioridade máxima, assume um papel preponderante na região. Basta atender ao facto do projeto ter “batido” a maioria da concorrência internacional ao nível da aprovação da Connecting Europe Facility (CEF), ficando entre as três infraestruturas mais importantes da Península Ibérica e no 11º lugar no território europeu no que diz respeito a projetos com valores acima dos cem milhões de euros. “Significa que dispõe de prioridade autónoma, independentemente do Fundo de Coesão”, acrescenta António Ramalho.
Recorde-se que em finais de julho a Comissão Europeia aprovou financiamentos para a Plataforma Multimodal do Porto de Lisboa, a Plataforma Logística de Leixões, Via Navegável do Douro, e os corredores ferroviários entre Leixões-Aveiro-Coimbra e Vilar Formoso, e entre Sines e Caia, num total de 11 projetos, no domínio dos transportes e infraestruturas, no âmbito das Redes Transeuropeias de Transportes.
O Governo considerou na altura que a aprovação deste conjunto de projetos apresentados por empresas portuguesas, públicas e privadas, individualmente ou em consórcio, representava “uma oportunidade para Portugal e para o desenvolvimento das nossas infraestruturas de transportes”. Entre o financiamento de estudos e obras de infraestruturas rodoviárias, logísticas e portuárias, o Executivo destacou o financiamento da Plataforma Logística de Leixões, da Via Navegável do Douro, da Plataforma Multimodal do Porto de Lisboa e os montantes alocados aos corredores ferroviários entre Sines e Caia e entre Leixões-Aveiro-Coimbra e Vilar Formoso.