Perante o avanço do envelhecimento na região do Alentejo, são cada vez mais os cuidadores informais que dedicam a vida a tratar dos familiares doentes. Não há uma estimativa sobre o número de pessoas envolvidas, mas a tendência de aumento registada ao longo dos anos leva a que estejam a reclamar o direito a um salário mínimo nacional, defendendo ainda que o tempo conte para efeitos de carreira contributiva e atribuição de novos apoios com licenças para aqueles que conseguem manter o emprego.
Autor :Roberto Dores
Fonte: Redacção «Diário do SUL»
13 Fevereiro 2019
O tema tem vindo a ganhar expressão pelo país, levando a que a Associação Nacional de Cuidadores Informais tenha enviado um pedido de audição ao ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva. A associação alerta que quer ser ouvida naquela que se apresenta como a reta final da proposta de lei aprovada já pelo Conselho de Ministros, mas que só deverá ser apresentada esta semana.
Sofia Figueiredo, que assume a presidência da Associação Nacional de Cuidadores Informais, vai avisando que não abdica da criação de um estatuto de cuidados informais, referindo que tanto a proposta de lei como o estatuto devem de ser discutidos em paralelo na Assembleia da República.
As propostas dos partidos sobre a criação do estatuto devem de ser entregues até ao próximo dia 12, para discussão no dia 21 de fevereiro. Deverá ser esta a data em que a proposta de lei deve ser debatida, segundo avança a mesma dirigente, alertando que grande parte dos cuidadores informais a tempo inteiro vive no limiar da pobreza.
Têm mesmo chegado à associação testemunhos de casos de fome, havendo quem tenha que optar entre o pagamento da renda e a compra de medicamentos, sendo que aqueles cuidadores que até conseguem manter o emprego acabam por viver debaixo de uma grande pressão, perante as duas tarefas prestadas ao longo dos dias.
Sofia Figueiredo diz que não acredita em projetos-piloto, alegando que podem abranger entre as 20 a 30 pessoas, mas no fim acabam e são esquecidos. A dirigente prefere exigir que os cuidados informais sejam "respeitados pelo Estado", justificando que, como ficou demonstrado no estudo realizado há dois anos, o Governo consegue poupar mais de 300 mil euros aos cofres públicos, dado que os doentes que têm cuidadores em casa não estão ao cuidado das instituições que seriam pagas pelo Estado.
Recorde-se que o Governo anunciou a aprovação de medidas de apoio ao cuidador informal, mas não as concretizou, tendo Tiago Antunes, secretário de estado da Presidência do Conselho de Ministros, admitido que o documento prevê a realização no imediato de projetos-piloto de apoio a cuidadores informais. No entanto, o governante já assegurou que o diploma não se limita a regular os projetos-piloto, estando ainda previsto um vasto conjunto de medidas.