A actual falta de clínicos de medicina geral e familiar foi uma das temáticas que esteve subjacente às jornadas organizadas pela delegação de Évora da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar que terminaram na passada sexta-feira, no Évora Hotel. No entanto, uma das organizadoras, Maria Helena Gonçalves anunciou que, daqui a dez anos, aproximadamente, esta lacuna poderá tornar-se em excesso na região Alentejo devid
Autor :Maria Antónia Zacarias
Fonte: Redação D.S.
19 Fevereiro 2015 | Publicado : 14:57 (16/02/2015) | Actualizado: 14:59 (19/02/2015)
Maria Helena Gonçalves, delegada distrital da Ordem dos Médicos e membro da organização sublinhou que o país e o Alentejo “está na crista da onda de falta de médicos”, adiantando que há médicos que se vão reformar e isso vai reflectir-se. “Mas, depois, daqui a dez anos, haverá também um pouco de excesso de médicos, resultante de terem sido abertas muitas vagas de internato e vagas para medicina, o que faz com que a quantidade de médicos seja elevada”, constatou. E acrescentou: “Agora há a necessidade de recorrer a médicos estrangeiros, mas há-de chegar um tempo em que isso não vai ser preciso, havendo mesmo muitos clínicos”.
Em seu entender, o interesse por esta especialidade é notória, adiantando que “existe um programa desenvolvido, mesmo em termos de internato muito bem estruturado. Hoje em dia, não somos nada o médico da ‘Caixa’, de clínica geral que existia há muitos anos atrás”.
A médica sublinhou que, ao longo destes 25 anos, verificou-se um crescendo dentro da própria especialidade. “Abordamos todas as áreas que existem em termos de doença, mas também pensando no indivíduo e na sua família. No fundo, acompanhamos desde a nascença até à morte, todas as fases da vida, todos os graus de desenvolvimento familiar e de cada utente que faz parte das nossas listas. Isso é que é único e interessante na medicina familiar”, sustentou.
Maria Helena Gonçalves advertiu que a medicina geral e familiar acompanha o doente no seu todo, com todas as suas patologias físicas, mas também mentais. Do ponto de vista físico, na região Alentejo, há doenças que preocupam a comunidade médica, em particular a diabetes e a hipertensão. “Mas não descuramos a saúde mental também porque notamos que a crise está a afectar as pessoas, estão com muitas dificuldades e recorrem a nós, também para fazer um desabafo”, contou, adiantando que veem os médicos como profissionais de saúde, mas igualmente como “amigos” muito próximos “partilhando connosco os seus problemas”.
A seu ver, se a saúde mental não estiver bem, “o resto também não vai funcionar bem” e lamentou que haja muitos doentes que “não têm dinheiro para comprar os medicamentos”.